terça-feira, 26 de junho de 2012

Ainda te procuro.

Por entre becos, esquinas. Por debaixo de luzes solitárias. Por entre castelos, pontes ou passadiços. No final das escadas ou no meio destas. Num banco de jardim ou no parque das antigas crianças.
Ainda te procuro, em jardins secretos ou no final da quelha. Ao lado de uma árvore ou apenas no espaço livre.
No meio do hall ou já na saída deste. Por entre os lençóis já usados ou simplesmente pelo quarto.
Ainda te procuro no meio da multidão ou quando julgo não haver ninguém. Num bar qualquer ou naquela esplanada já antes batida.
Procuro em todas as matrículas de carros ou em todas as moradas que me surgem há memória.
Em pequenos gestos gastos em mim. Ou quando descubro hábitos não meus.
Ainda te procuro no âmago do ser, do não-ser, da breve existência.
Ainda te procuro, como já jamais te procurei.
Simples e breve. Sem grandes palavras. Ainda te procuro.
Sem saber onde, ou quando, mas procuro.
Ainda te procuro naquele beijo, naquele momento, naquele local, naquele dia, aquela hora.
Ainda procuro o cheiro, não aquele, mas todos. Arrepio quando todos parecem iguais.
Ainda procuro o que não existe mais ou o que nunca existirá. Aquilo que existiu ou apenas imaginei.


Ainda tenho sede. Sede de mais. Ainda acho que o copo estava meio vazio.
Ainda procuro o resto que falta. O que ficou por faltar.
Tropeço a cada esquina que paço. Perco a visão no negrume da noite ao olhar para um beco.
Ofusco-me a mim mesmo quando olho directamente para as luzes, quando julgo ver esse brilho passar.
Fico sem ar, quando necessito de olhar uma segunda vez. Deixo de respirar quando todas as vezes são equívocos.


Tudo é um equívoco. As palavras saem, mas soltas. junto-as na esperança que se forme algo com nexo.
Tremo quando penso encontrar, suspiro em temer encontrar.
Os sentidos perdem-se toda a vez.
Deitado na cama, perdido nos lençóis dos meus pensamentos.


Encontro-te sim, num travo final deste cigarro, ou do próximo.
Na última gota daquele bom vinho.
Perco-me no encontrar do juntar do bom ao mau.
Expiro, deixo o fumo das minhas ideias esvoaçarem à minha frente.
Vejo a névoa que crio. Encontro-te aí. Na mística desse meu respirar.
Provo-te. Tenho-te, por momentos. Vivo. Mato-te. E deixo.


Ainda te procuro, mesmo depois de te ter.
No final deste ou do próximo.
Na próxima saída.
Ou quando deixar de respirar.
No próximo olhar. Vazio! 

3 comentários:

Anónimo disse...

"Love hides in the strangest places, love hides in the middle of your faces, love comes when you least expect it, love hides in the nearer corner, love comes for those who's seeking, love hides inside the rainbow, love hides in molecular structures, love is the answer." (Love Hides, Absolutely Live, The Doors)

João Castela disse...

Isn't love what I search. At least, not that kind of love.

Anónimo disse...

The Shivers - kisses

cause your are just a rock kid :)