domingo, 20 de fevereiro de 2011

A necessidade vem do sentir que vive dentro de nós..

Tenho vindo 'aqui' para re-ler aquilo que tenho escrito. Nesta resistividade de passos, estes permanecem. Escolho uma música, puxo de um cigarro, acendo e leio. Vejo-me no momento que escrevi e vejo-me no exacto ou nos exactos pensamentos que surgiram ou poderão surgir. Estremeço. Pois, por vezes, não pareço conhecer-me tão bem quanto esperava.
Nos últimos tempos tenho lido e re-lido um pequeno texto, que está por publicar, que construí há uns tempos. Tenho medo dele, digo.

Tem-me perseguido pelo pensamento uma pequena modéstia de frase que apanhei numa daquelas séries televisivas que não interessam 'ao raio que o partam'. No entanto, e tentando não deixar de ser eu próprio, darei a minha opinião sobre tal assunto.
Ou seja, é necessário seguir enfrente. É necessário quando o é, quando não é e por vezes não se segue enfrente. Apenas se vira na esquina mais próxima.
Por este pensamento posso dizer que tudo correria bem, se não fosse o 'necessário'. Também correria bem se não fosse o virar, o 'take a leap' , o ganhar coragem no fundo.
No fundo escrevo idiotices, palavras sem nexo ou pensamentos pouco perplexos. Enfim.

Dizem que o passar à frente depende das circunstâncias. No entanto quero-me referir aqui a simples palavras, tais como. A fase do esquecer tem as suas vertentes, mas por mim, prefiro a seguinte:
Primeiro começa por se esquecer o cheiro, aquele odor que identifica , aquele doce aroma que espairecia no ar durante milhares de pensamentos. Depois, vem a fase do toque, esquece-se o toque aveludado, ou até agreste que se pudesse ter, depende. A seguir vai-se a presença do sentir. Deixas de sentir o que já foi, ficando assim as memórias, o passado.
A partir daí deixas no esquecimento as imagens, os actos que se passaram. Talvez para te encontrares a sorrir com eles mais tarde. Sozinho! Como as boas memórias surgem, assim do nada.
Assim começa o discernimento e desenvolvimento do que se pode chamar de 'infortúnio' do saber sentir. Começas por deixar de sentir, começas, por vezes, a sentir ou a ocupar esse lugar por outras coisas, outros sentires, similares, semelhantes ou até novos.
Deixas assim envolveres-te por algo novo ou por vezes 're-novo'.
Já no final esqueces o que já foi. Pões tudo numa caixa e guardas algures, para mais tarde te lembrares do que já existiu outrora no auge da tua aurora.
Gostava que fosse assim, no entanto é e não é.
É tudo o que quisermos acreditar. Daí a necessidade do 'seguir em frente'.
É algo de tão subjectivo aquilo que gostaria-mos de fazer ou de ser.

No entanto perco-me por entre palavras e perdendo-me assim nos pensamentos de já não saber o que é a necessidade em mim ou por outras palavras o que é que necessitarei.
Identifico-me assim com o texto que tenho vindo a alongar:

"A ti, que ainda me persegues no âmbito da ambição. A ti, que ainda te procuro nos confins do ser inimaginável por de dentro de mim. A ti, pessoa que ainda sobrevive no âmago da amargura. A ti, pobre pessoa por mim simbolizada. A ti:
Afinal é tua. É tua a última palavra solta. O último 'olá' ou 'adeus'. É de ti o último olhar, é para ti o último virar de costas.
Cheguei a esta conclusão num preciso momento. Sei que pus critérios demasiadamente sublimes, onde os conseguisses alcançar - e conseguiste. Aquilo que tentei fazer por actos, foram no entanto omitidos por palavras, 'actos' ou até outras omissões. Aquilo que desejaria ter feito, no entanto, consegui-o, embora ingenuamente mal preparado para tal. Ingénuo agora.
Assim a responsabilidade, para tal, ter sido passada para ti. Passei por suposições e pressupostos para te encontrar, enquanto pessoa. Encontrei-te no fim da história, que tenho vindo a contar.
Afinal, é de mim para ti, todo este enraivecer que cresce dentro de mim. Nasceu de uma faísca criada há muito, primeiro carvão, depois madeira robusta, depois alma e sangue.
É assim o final da concretização, o final da caracterização. Aqui está quem ficou.
É aqui, que fica, todo o meu Ser.
Depositado em pequenos pedaços de sabedoria infortuna, se é que se pode chamar disso. É aqui, talvez, que fica o que restou de mim.
É a ti, sem saberes, que depositei todo este Ser, todo este texto, pensamento, acto. E mentira.
Nascerá!"

23/03/2010

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Sei que me alonguei em demasia, mas que seria eu sem ser de mim. Para mim. Ser eu. Por mim. Próprio.
Ouço palavras. Procuro-as. E perco-me no pensamento de outrem.
Boa noite!

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